quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Invenção de Morel






É fantástico, mesmo, a solução do problema da energia. Ela acaba criando uma verossimilhança para a eternidade: poética, impossível, torna-se real pelo artifício de se usar a maré. As marés são infinitas no tempo, a maré sempre esteve ali. Como o bater das ondas, lexotânica, surge a resposta para a única pergunta.







O Sexo






O amor à primeira vista não existe. Quando se sofre um choque, uma situação aguda emotiva, como um acidente de carro ou coisa parecida, um mecanismo químico (ao qual se atribui o sentido de "defesa") cria uma amnésia dos fatos mais próximos no tempo ao redor daquele fatídico instante. O amor não tem esse tipo de "serviço de devolução", mais comum aos fenômenos crônicos. Se fosse o amor, portanto, instantâneo e atordoante, como um Big Bang na cara, o mecanismo se desencadearia e nós nos esqueceríamos imediatamente da experiência. Pessoas que passassem por esta experiência sozinhas provavelmente nunca saberiam depois sobre o que lhes havia acontecido, e poderiam morrer sem ter se lembrado da descoberta do amor. E se não existe na memória, então não pode ser usado como argumento. O que nos leva de volta ao ponto: o amor à primeira vista não existe, ou existe tanto quanto as coisas que não estão na memória de ninguém. Como o ruído daquela árvore que caiu em Yokohama sem que houvesse criatura alguma perto dela.

O amor é uma metáfora do sexo. Mesmo Samantha pede pra "subir pro quarto", a morte envenenada de Romeu e Julieta é uma alegoria das doenças venéreas, Dante queria comer Beatriz. Outra metáfora do sexo foi aquele final impagável de "It happened one night" (1934): o plano onde o título do filme é legenda. Perfeito, perfeito.






Os Sedimentos






Não importa a tentativa de Nick Hornby, não importam experiências anteriores, alguma astúcia, intuição, nada, nada mesmo: quando uma música está se fazendo memória, quando ela está se transformando numa concreta e concretada ponte de alguma memória afetiva, você é sempre a mais incauta vítima, o último a saber, um levíssimo ignorante.







domingo, 17 de janeiro de 2010

Conclusão






O problema é que até agora, mesmo tendo chegado às cãs de Deus como um piolho e observando (solene) o universo lá atrás e embaixo, percebi que tudo que aprendi foi como NÃO fazer as coisas.